domingo, 29 de março de 2020

Vídeos de leitura: Corrente Patuá de autores

Tive a ideia de começar uma corrente de autores da editora Patuá nestes tempos de pandemia. Fabio Weintraub logo topou participar; ele chamou Ruy Proença, que convidou Renan Nuernberger, que entrou em contato com Lilian Aquino, que, como eu, chamou o marido, Rubens Rewald, que leu Cel Bentin, a quem caberá filmar o próximo elo e escolher o próximo autor. Tudo isso em menos de 24 horas. Espero que continue por muitos episódios.
Muitos autores têm lembrado que, com as medidas de isolamento social vigentes, a editora não pode realizar lançamentos, o que compromete seus rendimentos. Mas há outra questão, que é a dimensão do encontro, presente sempre na literatura, mesmo a que parece mais, digamos, minoritária. Um livro sempre pode ser uma garrafa com mensagem atirada ao mar, embora não haja terra e sejamos todos náufragos.

Corrente Patuá 1: Pádua Fernandes e Fabio Weintraub - https://youtu.be/Hm-wJwbiqMc
Corrente Patuá 2: Fabio Weintraub e Ruy Proença - https://youtu.be/hGBhmp6NMYI
Corrente Patuá 3: Ruy Proença e Renan Nuernberger - https://youtu.be/y86S-c49NxI
Corrente Patuá 4: Renan Nuernberger e Lilian Aquino - https://youtu.be/t-qJTH3WLPw
Corrente Patuá 5: Lilian Aquino e Rubens Rewald - https://youtu.be/YY51oGwvNDA
Corrente Patuá 6: Rubens Ewald e Cel Bentin - https://youtu.be/A85awvL0IAU

Para visitar o sítio da editora, cliquem aqui: http://editorapatua.com.br

quarta-feira, 18 de março de 2020

Alexandre Kovacs sobre O desvio das gentes em Mundo de K

Alexandre Kovacs fez uma apresentação de O desvio das gentes em seu blogue sobre arte (literatura, pintura, fotografia, música) e cultura Mundo de K. Esta é a ligação:
https://www.mundodek.com/2020/03/padua-fernandes-o-desvio-das-gentes.html#.XnKSZqhKiUk
Kovacs, em sua resenha, cita "O museu da sustentabilidade", "Organismo da bomba" e "Inseticida para humanos", o poema em que homenageio as baratas, o impressionante animal que remonta ao Paleozoico.
Nos três casos, Kovacs vê a "estranheza dos temas abordados" em relação à poesia "dita tradicional". Achei muito interessante a observação, porque nada do que trato neles (nuvens radioativas, royalties da indústria bélica, mensagens de celulares) me parece estranho, tampouco, enquanto escrevia, senti assim os assuntos, por sinal tão presentes no mundo, seja como ambiente, seja como ameaça ou ambos.
No entanto, é verdade que não se trata de temas típicos da poesia lírica, campo onde este livro decerto não está. John Donne colocou pulgas em poema de amor (leiam esta tradução de "A Pulga" por Augusto de Campos), mas meus insetos, como os mosquitos e os cupins de Cinco lugares da fúria, estão interessados na extinção. Na nossa extinção.

segunda-feira, 16 de março de 2020

"expomos também o mundo. Está numa ala do museu do vírus"



Sim, expomos também o mundo. Está numa ala do museu do vírus. Ela está fechada para reformas, ainda não iniciadas, pois não encontramos investidores interessados.

***

Tampouco somos diferentes de vírus e congêneres, eles caçam com nossas fraturas, cozinham com nossos incêndios, comem com nossas bocas, e nós não nos alimentamos mais, toda a desertificação intravenosa lhes pertence. A septicemia, nova fonte das formas artísticas. Escuro, agora. Vemos todas as imagens do novo mundo em páginas de bulas de remédio. Arrancadas.

***

o corpo não absorve alimentos
substituídos pelo mundo inteiro
o corpo escapa de si mesmo
em não mais do que duas semanas
os cabelos caem, o urânio os exige
o pulmão dissolve-se na boca
o coração tenta morder
o sangue que desce pelos pés
azul cinza vermelho amarelo
mucosas de todas as cores caem
o arco-íris contamina o chão
a pele corre para o mundo
e a fuga torna todos os corpos
em elementos radioativos
a bomba explodiu
e o que não se partiu com ela
comungará a vida com o vírus
em não mais do que duas semanas

***

Valas comuns
não representam encontros,
desapareceram da carteira de investimentos,
mas causam esquecimentos
de versos das orações.

A fila de inválidos nas entranhas da enfermeira,
os hospitais no interior do vírus,
as bactérias inchando
o corpo das orações: explodem
e superam a previsão dos investidores.

A guerra está curada
e pronta para seguir








Acima, alguns dos trechos sobre vírus neste meu livro de 2019, O desvio das gentes.



domingo, 15 de março de 2020

Leitura de "O desvio das gentes" por Whisner Fraga

O escritor Whisner Fraga, em seu canal Acontece nos livros, leu dois poemas de O desvio das gentes, "O instinto do poente" e "Os refugiados": https://www.youtube.com/watch?v=Ugmq-a67rMs
Ele escolheu dois poemas que têm em comum o fato de serem a uma só voz e conterem bastante ironia. No primeiro, o capitalista anuncia que latas são melhores do que rios, pois não morrem, e elas, empilhadas, acabam por barrar o céu, enquanto o socialismo seria mera ilusão, uma ideia da luz sobre todas as cabeças...
No segundo, as funções dos refugiados são imprescindíveis para o país: sofrer a escravidão, a tortura, o estupro e a pilhagem. Sem eles, o país não seria a árvore plantada na queda.
Eis o endereço do canal: https://www.youtube.com/channel/UCT9thItb5sEYxDrCXBZ1nKg.

"O Pulso", de Marco Aurélio de Souza, e "O ciclone da ordem do mundo"

O professor e poeta Marco Aurélio de Souza publicou a obra de crítica O pulso: decálogos sobre a poesia viva (Ponta Grossa: Lambrequim, 202...