quarta-feira, 23 de outubro de 2019

O livro à venda ou a paleontologia futura das mercadorias

O desvio das gentes já foi impresso e está à venda no portal da editora Patuá: https://www.editorapatua.com.br/produto/103660/o-desvio-das-gentes-de-padua-fernandes



Como simples amostra desse futuro pesteseller (retomando a palavra e a grafia de Haroldo de Campos no canto 45 de Galáxias, "pois não se trata aqui de um livro-rosa para almicândidas e demidonzelas ohfélias nem de um best-seller fimfeliz para amadores de amordorflor mas sim de um nigrolivro um pesteseller um horrídeodigesto"), a entrar agora no reino das mercadorias, a segunda parte de "Últimas novidades do velho concerto do mundo":

Haverá uma gente futura que encontre nossas últimas inscrições –
Mas elas nem foram inscritas, flutuam no espaço logo morto–
Haverá uma gente futura que decifre nossas últimas inscrições–
Por que o fariam, se não poderão mais comprar os produtos ou os candidatos anunciados–
Haverá uma gente futura
e ela se interessará
em conhecer as últimas inscrições–
Deixaria de se interessar e deixaria de aprender se encontrasse as últimas inscrições
Este mundo acabou, mas haverá uma gente futura
e ela se comoverá
ao topar com nossas últimas inscrições–
Última tarefa frustrada da civilização: criar uma civilização digna de interesse paleontológico, criar um mundo digital capaz de deixar algum vestígio fóssil

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Os destroços se reconhecem mundo

Relembro que O desvio das gentes será lançado em São Paulo no dia 24 de outubro de 2019 na Biblioteca Municipal Álvaro Guerra, na Avenida Pedroso de Moraes, 1919, no bairro de Pinheiros. Ruy Proença lançará Monstruário de fomes na mesma ocasião.
Estava caminhando em São Paulo no Treze de Maio deste ano, 2019. Passava por uma esquina onde pessoas costumam deixar lixo na calçada. Nunca vejo quando são retirados.
Daquela vez, jazia lá, naquele cemitério urbano temporário de coisas abandonadas, uma vitrine estraçalhada. Demorei um pouco para entender do que se tratava, pois era meio-dia e o sol batia com intensidade sobre os cacos.
A luz me impedia de retratar adequadamente a cena, tendo em vista tanto minhas limitações artísticas de não fotógrafo quanto as possibilidades técnicas da câmara do celular. Voltei pouco depois de uma hora, e a sombra do muro já cobria parte daqueles restos, que não me lembro bem quantos dias duraram no mesmo lugar. Não foram muitos.


Parecia ter sido uma vitrine, o conjunto de vidros partidos, por causa dos restos de preços e de palavras. Tive logo a intuição de que aquilo era a cara de O desvio das gentes, que ainda estava a escrever, e tirei várias fotos daquela paisagem efêmera.
Meses depois, mantive a convicção de que o livro que eu terminava se identificava com aquelas imagens. O editor, Eduardo Lacerda, gostou da sugestão de empregá-las e Alessandro Romio elaborou o projeto gráfico a partir de duas fotos que enviei.
Uma intuição que, depois, tentei entender. Gostei dos restos de preço, que podem ser identificados por causa das vírgulas com números em pares. A sensação que esse conjunto me passava era a de que os valores de troca tinham destroçado tudo. Isto poderia ser uma imagem do mundo? Ao menos para aquele que estava se formando em meu livro, sim.
Pouco pode se reconstituir das palavras que estiveram, mas ainda se vê "ação" e outras letras que parecem indicar "liquidação". Um mundo sendo liquidado? Também é o do meu livro.
O apelo a agir, contudo, que é o que parecia de mais inteligível naquela destruição, também me parecia significativo. Ele foi insuficiente para evitar o colapso, ou se trata daquilo que deve ser feito a partir dos destroços? Creio que o livro apresente pelo menos essas duas interpretações.
Podem-se imaginar outras coisas, decerto, como o gelo se partido em razão do colapso climático; o Ártico, ademais, é o local referido em um dos poemas do livro.
Outras estruturas podem vir à mente dos que possuem mais imaginação visual. Não sei, no entanto, se a vitrine estilhaçada se trata de metáfora do mundo em crise ou de metonímia dele: afinal, posso apenas estar tomando a parte pelo todo... De qualquer forma, o mundo também é paisagem efêmera.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Sobre o "capitalismo humanista das bombas": trecho da apresentação de Taís Franciscon

O desvio das gentes será lançado em São Paulo no dia 24 de outubro de 2019 na Biblioteca Municipal Álvaro Guerra, na Avenida Pedroso de Moraes, 1919, no bairro de Pinheiros. Ruy Proença lançará Monstruário de fomes na mesma ocasião, em que falaremos sobre esses trabalhos.



Tendo em vista que "capitalismo humanista" virou até linha de pesquisa em certos programas de pós-graduação, e por isso ele acabou sendo referido na obra, resolvi destacar este trecho da apresentação do livro, escrita por Taís Franciscon:
A democracia está numa ala separada: apinhada de pessoas que querem, finalmente, descobrir o que ela é; mas só há o modelo aprovado previamente por investidores. O museu do pó traz um conceito inovador: quanto mais resíduos tóxicos, mais avançada é a civilização. O museu dedicado à atmosfera provoca a asfixia; está repleto de retratos de genocidas que ganharam o Nobel da Paz.
Em meio à topografia negativa, o Livre Mercado, maiúsculas como um deus, vive a apoteose. Por um lado, realiza ações que não são tão distantes da realidade: defende o direito empresarial do agrotóxico; comercializa, online, atentados à dignidade humana, apenas porque são lucrativos; inclui nos decretos petrolíferos a compra de acidentes atômicos. Vale observar que é justamente o Livre Mercado quem motiva o “capitalismo humanista das bombas”: afinal, quem anuncia a cotação na Bolsa de Valores são homens-bomba. No último estágio, há bombas em paraísos fiscais, enquanto “a bomba financia / os planos globais de investimento / no mercado da catástrofe”.
Ao se falar desse capitalismo explosivo, entra em cena outro agente da perpetuação da barbárie: o Estado, cujos fiéis servidores são as jaulas. Dependente das fraturas dos ossos e das lágrimas, o Estado transmuta os direitos humanos para as barras de ferro e, diante da tragédia, surrupia a democracia, que lhe começa a parecer incômoda. Em nome dele, memórias de massacres são sufocadas. O apagamento de registros de atrocidades é tarefa conhecida pelo autor. Desarquivar o Brasil está na trajetória poética e jurídica de Pádua Fernandes; ele foi um dos pesquisadores da Comissão da Verdade do Estado e da Prefeitura de São Paulo.
Apesar de O Desvio das Gentes reverberar, inevitavelmente, os traços do horror brasileiro, fica claro que o panorama devastador pertence a uma geografia ampla, onde os “horizontes são alargados até o napalm”.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Murilo Mendes, a guerra e a memória

O desvio das gentes será lançado em São Paulo no dia 24 de outubro de 2019 na Biblioteca Municipal Álvaro Guerra, na Avenida Pedroso de Moraes, 1919, no bairro de Pinheiros.




Mas a notícia é que ganhei hoje a primeira edição de Poesia liberdade, de Murilo Mendes, um dos livros que mencionei no projeto a respeito da tradição da poesia brasileira sobre temas ligados ao cosmopolitismo. Ele é dedicado "aos poetas moços do mundo"; o autor tinha ainda 45 anos:




A primeira seção do livro, "Poesia liberdade", ele a datou indicando o ano de 1945;  a segunda, "Ofício humano", de 1943. A publicação ocorreu pouco tempo depois:




As imagens do terror e da guerra prevalecem na segunda seção, que o poeta indica datar desse ano de conflagração intensa da Segunda Guerra Mundial. 
Um dos poemas de que mais gosto é "A ceia sinistra", que assim começa:




Murilo Marcondes Moura, em sua tese sobre poesia de guerra (O mundo sitiado: A poesia brasileira e a Segunda Guerra Mundial), afirmou que:
No Brasil, a obra de Murilo Mendes é sem dúvida aquela em que mais se fez notar a presença da Segunda Guerra Mundial. Mas é inútil procurar referências diretas aos acontecimentos, cuja aparição é quase sempre oblíqua e metamorfoseada. 
Concordo; não há nada no livro como "Com o russo em Berlim" drummondiano. No entanto, o começo do poema parece aludir claramente à invasão da União Soviética pela Alemanha, que ocorreu em 1941; mais de vinte milhões de cidadãos soviéticos morreram por causa do ataque. Em 1943 os alemães foram derrotados na então Stalingrado.
Vejam a pontuação personalíssima do poeta, algumas vezes desrespeitada na reunião feita pela Nova Aguilar, e o gênio na observação "A morte coletiva apodera-se da morte de cada um.", como sói acontecer nos conflitos bélicos.
Murilo Mendes, nas duas partes seguintes de "A ceia sinistra", deixa as referências concretas e imagina a ceia na "mesa circular"; os mortos a perturbam, no entanto; no fim, lemos que "Agora eles estão livres e vivos/ Eles é que pisam sobre nossos túmulos.// Abancados à vasta mesa circular/ Comemos o que roubamos aos mortos conhecidos e anônimos."
O que lhes é roubado e devorado? A memória? Não sei, mas a presença dos poemas de infância nesse livro talvez possa indicá-la; a infância pessoal ("Quando brincavas com o pião"), certo, mas também a das coisas, como no curto e impressionante "Algo", que assim termina: "O que o cristal contém/ Na sua primeira infância." Relembro uma observação de Baudelaire que Eduardo Sterzi, em "Murilo Mendes: a aura, o choque, o sublime", convoca para entender a poética de Murilo:

Guys, para Baudelaire, corresponde a esse ideal de celeridade do traço: na sua técnica, misturam-se “um esforço de memória ressurrecionista, evocadora, uma memória que diz a cada coisa: ‘Lázaro, levanta-te’” e “um fogo, uma embriaguez de lápis, de pincel, que se assemelha quase a um furor”. O diagnóstico é correto: “É o medo de não agir com suficiente rapidez, de deixar o fantasma escapar antes que sua síntese tenha sido extraída e captada” (Baudelaire, 1863, p. 180). [...]Independentemente de a argumentação de Baudelaire se aplicar de fato à pintura de Constantin Guys, serve, porém, à perfeição para descrever a técnica de Murilo Mendes. Talvez este a tenha decalcado da maneira como trabalhava Ismael Nery. [...] 
O que pode fazer levantar os mortos e as coisas? Uma memória que abarque tudo, "Desde as origens até o fim", como a "A Bem-aventurança", segundo o último poema do livro, "Janelas do caos"?
O poeta está no campo do sagrado; foram os "Tambores da eternidade" que o fizeram falar dos "mortos do Brasil, da China, da Inglaterra/ Estendidos no meu coração...", conforme anunciou em "Elegia nova", o primeiro poema do livro, de um coração mais vasto do que o mundo, porém não à maneira do materialismo de Drummond. A sua maneira, no entanto, Murilo responde ao tempo histórico. Volto a citar o artigo de Sterzi:
É certo, porém, que Murilo não escrevia ao ritmo dos acontecimentos, da “metamorfose incessante” da realidade no mundo moderno. Ele também não buscou simplesmente transpor esse ritmo para seus poemas. Sua estratégia retórico-formal é mais complexa. Não se trata de uma questão de mímese, mas de responsabilidade: capacidade de resposta, e também, etimologicamente, capacidade de defesa. Murilo inscreve, em seus poemas, o sentido de urgência que lhe é despertado pelo momento histórico. Para ele, cada verso funciona como o ponteiro de um relógio a indicar que a hora enfim chegou. Não é o tempo, porém, que move esse relógio. É o pathos, tal como ele eclode numa situação de perigo.
Se bem lembramos, continuamos em situação de perigo, ou seja, no tempo histórico. Não temos, porém, a memória de Murilo.

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Genocídio e Prêmio Nobel

O Prêmio Nobel de Literatura foi para Olga Tokarczuk (2018) e Peter Handke (2019). O adiamento da escolha de 2018 (motivado pelos escândalos sexuais e de corrupção na Academia sueca) acabou sendo tempestivo; no domingo, ocorrerão eleições na Polônia e a escritora aproveitou a publicidade mundial para pedir que seus compatriotas votem em favor da democracia.
O escândalo adiou a escolha de 2018, agora ele se incorpora na de 2019: a escolha de Handke gerou protestos de diversos grupos e autores por causa de sua atuação negacionista do genocídio cometido pela Sérbia contra muçulmanos em Srebrenica, um crime sem precedentes na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
A PEN America lamentou profundamente a escolha pelo fato de o vencedor ter usado sua "voz pública" para engar a verdade histórica e apoiar genocidas: "We are dumbfounded by the selection of a writer who has used his public voice to undercut historical truth and offer public succor to perpetrators of genocide, like former Serbian President Slobodan Milosevic and Bosnian Serb leader Radovan Karadzic."
Zizek, em um momento feliz, relacionou a escolha de Handke (um apologista da guerra) com a criminosa entrega de Julian Assange (que deveria ter recebido o Nobel da Paz) aos Estados Unidos, como exemplos do que a Suécia significa hoje.
Já copiei no blogue um poema de O desvio das gentes em que o Nobel vai para um míssil. Copio agora a primeira parte de outro, que descreve uma galeria do "Salão da Paz" em que são expostos, entre outras obras, certos vencedores do Nobel da Paz. A geopolítica como écfrase...


Galeria do Salão da Paz

I
Milhares de retratos, pura atmosfera de museu.
Milhões de turistas no museu da atmosfera.
O arcaico encontro do hidrogênio e do oxigênio nesta velha aquarela.
Quadros renascentistas das roupas do ozônio.
Guarda-chuvas sem proteção para ácidos.
Também arte dos ares contemporâneos.
Os genocidas que ganharam o Nobel da Paz.
As empresas monopolistas, únicas defensoras convictas do Livre Mercado.
A rotação da Terra, criada para a divisão de trabalho da vigilância.
Corpos vestidos de rios eletromagnéticos, agora nus e secos sobre os ares.

Substituição da pororoca por aterros de plástico.
O plástico, de mil utilidades, até a de atmosfera
e a de país, agora que a cidadania
resolve-se na asfixia.


P.S.1: Como brasileiro, lamento que o Nobel da Paz não foi para Raoni, embora reconheça que a trajetória dele está acima de condecorações. O líder indígena é bem o caso das pessoas que honram os premiadores, e não daquelas a quem são os prêmios que concedem honras.

P.S.2: Aproveito e relembro que O desvio das gentes será lançado em São Paulo no dia 24 de outubro de 2019 na Biblioteca Municipal Álvaro Guerra, na Avenida Pedroso de Moraes, 1919, no bairro de Pinheiros.

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Contracapa: voo subterrâneo de sóis adiados

Depois de alguma discussão, este pequeno trecho do último poema antes do anexo secreto, "Últimas novidades do velho concerto do mundo", foi escolhido para a contracapa de O desvio das gentes:


Relembro que o livro será lançado em São Paulo no dia 24 de outubro na Biblioteca Municipal Álvaro Guerra, na Avenida Pedroso de Moraes, 1919, bairro Pinheiros.

terça-feira, 8 de outubro de 2019

"Uma pedra, atirada em resposta a um míssil, inaugura um mundo novo": Taís Franciscon sobre O desvio das gentes

Convidei a professora e crítica Taís Franciscon, autora de ensaio sobre livro anterior meu, "'Topografia negativa' em Cálcio, de Pádua Fernandes", para escrever a orelha e a apresentação de O desvio das gentes.
Destaco este trecho daquele ensaio:
O livro é constituído pelo cálcio das ossadas dos mortos nas ditaduras militares da América Latina, outro legado do horror generalizado do século XX: voltam para contar as histórias de tortura, assassinato e da banalidade do mal [4] que marcaram os regimes autoritários. O poema foi escolhido especificamente por seu dialogismo radical, em que várias vozes distintas ecoam no poema, em que ressoam opiniões dadas em diálogos, contando inclusive com o uso de travessões, típicos dos discursos diretos — a voz dos torturadores inclusive, para quem os ossos sempre foram o resíduo impertinente da ocultação dos cadáveres.
Essa poética continua no livro novo, que trata de outras matérias, correlatas porém.
Franciscon, para minha alegria, aceitou o convite e, na orelha do livro novo, fez esta comparação com Cabral:
Uma pedra, atirada em resposta a um míssil, inaugura um mundo novo: assim começa O Desvio das Gentes. É como uma "Fábula de Anfion" às avessas: não o mito da criação cabralina, em que há o surgimento de Tebas a partir do deserto de pedras, mas sim uma história da destruição. Não só o que nos levará a essa destruição: sobretudo, há uma investigação do que sobrevive à catástrofe, à aniquilação de (quase) tudo.
O texto alude ao primeiro poema de meu livro, "Museu da sustentabilidade" que começa desta forma:
I
Uma pedra
é atirada em resposta ao míssil;
onde ela caísse
o mundo poderia se inaugurar.
De fato, o espírito é oposto ao da Fábula. Leiam abaixo o texto integral da orelha:


Relembro que o livro será lançado no dia 24 de outubro na Biblioteca Municipal Álvaro Guerra, na Avenida Pedroso de Moraes, 1919, bairro Pinheiros.


quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Lançamento de O desvio das gentes com Monstruário de fomes, de Ruy Proença, em 24 de outubro

Confirma-se o lançamento de O desvio das gentes no dia 24 de outubro na Biblioteca Municipal Álvaro Guerra, na Avenida Pedroso de Moraes, 1919, no bairro de Pinheiros (no portal da Prefeitura, há instruções de como chegar).
Escrevi, para o convite, que:
"O desvio das gentes" é o sexto livro de poesia de Pádua Fernandes. Com apresentação de Taís Franciscon, a obra busca empregar a experimentação formal para uma investigação literária do cosmopolitismo. A polifonia de vozes e ruídos irrompe nos poemas para instaurar divergências políticas e diferentes visões de mundo, em tempos de crise política e colapso ambiental: "O desastre governa,/ a lama financia,/ a bomba entrevista na tevê/ o candidato à catástrofe". Esse projeto foi realizado com apoio da Secretaria Municipal de Cultura - 2ª. Edição do Edital de Publicação de Livros na Cidade de São Paulo.
De fato, creio que estamos em uma época de catástrofes e, entre os ruídos do livro, estão explosões de bomba, gritos de socorro, máquinas em pane, além dos sons inaudíveis do labor das bactérias. Para quem quiser confirmar presença no facebook, esta é a ligação: https://www.facebook.com/events/1327111614115929/



A boa notícia é que o livro será lançado junto com Monstruário de fomes, de Ruy Proença, que também ganhou o edital de Fomento à criação da Prefeitura de São Paulo e criou uma página na internet para o seu livro: https://www.facebook.com/Monstru%C3%A1rio-de-fomes-422650534952403/. Será outro livro a sair pela Patuá.
A partir das 18:30h do dia 24, nós dois falaremos sobre os livros novos e os pretéritos; depois, daremos autógrafos. É a segunda que vez tenho esta sorte. Quando lancei em 2015 Cidadania da bomba e a edição brasileira de Cálcio, Proença fazia o mesmo com Caçambas na Casa das Rosas.
Poucos meses depois daquele lançamento, Victor da Rosa publicou a resenha "Ruy Proença e seus poemas de escavação da vida urbana", em que bem viu que "nas duas partes do livro, o poeta se dedica a conversar com monstros, compondo também uma espécie de 'monstruário'"; Caçambas apresentava "uma teratologia precisa do mundo contemporâneo, este morto-vivo".
Essa palavra, como se sabe, é drummondiana. No genial poema "Mineração do outro", temos o verso "monstruário de fomes enredadas", mas cuidado com onde a ler: a Nova Aguilar publicou uma edição da poesia completa que destrói essa invenção, reduzindo-a para a palavra corrente e aceita pelos corretores automáticos de ortografia, mostruário.
A poesia de Ruy Proença frequenta a teratologia há algum tempo. O monstruário dele, agora, terá algum contato mais forte com Drummond? Os leitores poderão conferir ainda este mês.

"O Pulso", de Marco Aurélio de Souza, e "O ciclone da ordem do mundo"

O professor e poeta Marco Aurélio de Souza publicou a obra de crítica O pulso: decálogos sobre a poesia viva (Ponta Grossa: Lambrequim, 202...