Quero lembrar que este livro foi uma das obras publicadas com recursos da 2ª edição do Edital de Publicação de Livros na Cidade de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura. Segunda e última edição, pois o programa de fomento não existe mais, apesar do sucesso da iniciativa.
Em 2019, ocorreram eleições para diversos Conselhos, entre eles o Conselho do Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas. Em 2020, já durante a pandemia do coronavírus, preocupado com a situação de autores, editoras, livreiros, bibliotecas, mediadores de leitura, bem como com os leitores, ele aprovou as "Propostas do Conselho do PMLLLB para a Preservação do Ecossistema do Livro no Município de São Paulo".
O importante documento propõe, entre outras iniciativas, "Retomar de forma ampliada o edital de publicação, limitando a 3 autores por editora, de modo a diversificar ao máximo o número de editoras atingidas."
O Publishnews fez matéria sobre o assunto que, significativamente, não tem aparecido com destaque nos debates eleitorais. Sugiro, porém, que verifiquem não apenas em São Paulo (que tem seu Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca), que candidatos nestas eleições municipais estão realmente preocupados com as políticas de cultura e as mencionam em seus programas de ação ou governo.
No momento em que escrevo, os EUA ainda não conseguiram terminar de apurar os votos da eleição de 2020, e o presidente da república daquele país, apoiado pelo equivalente no Brasil, tenta judicializar o resultado e impedir a contagem de votos dos cidadãos americanos, contando com o uso da força dos movimentos e milícias pró-governo. Um exemplo: https://twitter.com/Mediavenir/status/1324101536168005639.
Logo ocorrerá o primeiro turno das eleições no Brasil, que já fez alguns mortos políticos. Em homenagem ao momento político, em que as campanhas eleitorais deixam cartuxos de bala no chão, transcrevo este breve poema de O desvio das gentes:
Autofagia da bactériacartuchos de balalargados pela campanha eleitoral dos candidatos fascistasmicrofones autovoxdescartados pelo avanço tecnológico dos ruídos industrializadostelefones ou aparelhos de escutade quem os comprou sob o preço de doar a própria vozmotosserras descartáveispara que todos possam recriar o deserto em torno de siantigas câmaraslargadas em favor dos instrumentos subcutâneos de espionagemtudo isso avança sobre o oceanoantes de voltar aos continentescoberto pela mutação dos tentáculose das espinhas e presas transformadas em maremotoeu lamentariapela salubridade das chamasse o inferno tivesse que receber o mundomas o inferno não receberá essa penao mundo é o bebê da bactériae ela se alimenta dos próprios filhos
P.S.: O livro vencedor do Jabuti foi "Solo para vialejo", de Cida Pedrosa, publicado pela Editora CEPE, nas categorias de poesia e de livro do ano.
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